sábado, 8 de dezembro de 2007

estações: paisagens da cena

uma imagem não se explica, não representa, é antes de tudo apresentação.
há uma tendencia um embate cena x texto. de certa forma as palavras agem simplesmente para explicar, justificar uma determinada cena, de modo que ela se torne mais comportada, verosimilhante, plausível dentro de uma estreita visão do que seja a realidade. tradionalmente então isso nem se fala: a cena se originaria da palavra
o que quero dizer é que a imagem, a paisagem cênica deve bastar por si mesma. a palavras não deve funcionar como uma compensação comprometida com idéias de razoabilidade, racionaliade, causalidade, explicação. a palavra deve ser restituída de sua potência poética, e não funcionar como um paliativo racional. a palavra deve ser mais uma camada da cena - assim como os atores, os movimentos, o jogo entre os atores, as atmosferas, etc. em se tratando de hesse que lida com imagens muito potentes que extrapolam o parêmetro "normal" de realidade não devemos ter medo de ousar neste sentido. vamos ao exemplo concreto:
pensou-se numa imagem inicial harry afogado numa montanha de livros. a palavra que aí entrar não deve justificar ou explicar a imagem "irreal" mas simplesmete ser mais um elemento da cena. ela não deve tentar ordenar dizer o porquê harry se afoga e seus livros, mas ao contrário intensificar ainda mais a imagem, fazer com que harry se afoque mais ainda. me lembro da cena do sub:werther onde a analista limpava o corpo de werther falando um texto de barthes -neste caso a palavra entrou em perfeita sobreposição com a cena!

a dramaturgia deve se ocupar da cena, dos atores, e também das palavras. pensamos então nas paisagens cênicas, estações. me questiono se o estilo de escrita, as palavras também não se modificam conforme a estação que se esteja. a paisagem cênica determina o tipo de palavras que se deve ser falada -assim armamos uma estratégia para fugir do tradicional dialogo dramático.

uma rápida listagem das possiilidades de palavras... (me veio algo mais radical ainda! não devemos pensar em palavras na acepção tradicional - palavra = ideia = sentido - mas sim devemos pensar em sonoridades, imagens sonoras contruídas de palavra)... mas voltando ao fio anterior: para além do diálogo, que estilos, o que a palavra pode?
ela pode ser prosa (como romance de hesse), ela pode ser poesia( como em hesse também), canção, ela pode ser descrição de um evento externo ou paisagem, ela pode ser descrição de um evento interno, pensamentos, ela pode ser um testemunho, épica, ela pode ser sonoridades fonéticas.
cada estação cênica determina seu estilo, sua palavra.
e ainda mais ela deve fugir ao esquema tradicional de interlocução, ou seja : emissor-receptor, ela deve ser multilocutória. pensar em dialogos simultâneos, ou estilos diferentes que se confontam : por exemplo uma pessoa tenta estabelcer um dialogo e o interlocutor só consegue descrever paisagens. e mais, pensar em silêncios duradouros que finalmente são explodidos por uma unica palavra. pensar em repetições de palavras. enfim! muitas possibildiade que não devem ser anulados por um certo estilo dominante.

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