domingo, 9 de dezembro de 2007

Primeira reunião de dramaturgia

Hoje, domingo 09-12-2007, Pedro e eu fizemos nossa primeira reunião de dramaturgia. Levantamos algumas questões que vamos destrinchar melhor nos próximos encontros, mas que vou tentar expor de maneira resumida:

1) A espinha dorsal da dramaturgia será mesmo o livro O Lobo da Estepe. Ainda não sabemos como elementos dos outros dois livros de Hesse - Sidarta e Demian - vão entrar, mas especulamos algumas possibilidades.

2) Traçamos um gráfico com a trajetória que Harry Heller, nosso protagonista, cumpre do início ao final de sua existência - a existência a qual temos acesso, ou seja,  do momento em que ele aluga o quarto de pensão até sua entrada no Teatro Mágico. Do ponto de partida, ou seja, o aluguel do quarto, Heller certamente caminharia para o suicídio. Este, portanto, seria seu ponto de chegada. Entretanto, um acontecimento altera essa reta: o Tratado do Lobo da Estepe, que lhe é dado na rua, em forma de folheto, por um desconhecido. A partir deste acontecimento, a existência de Heller toma um outro rumo, não abruptamente, mas devagar e sempre - um caminho sem volta: ele vai a uma casa noturna chamada Águia Negra e lá conhece Hermínia, depois Maria, Pablo, até que chega ao Teatro Mágico.

3) A reta-trajetória de HH, pode, portanto, ser dividida em um antes e depois: antes do Tratado e depois do tradado. E ao longo de toda a trajetória existem traços, pontos, que são os outros acontecimentos, que estamos chamando de Estações.

4) As Estações podem ser vistas como uma equação de Espaço + Acontecimento. Nesse sentido, identificamos, inicialmente, as seguintes Estações: Quarto da pensão / Taverna (onde HH bebe seu vinho solitariamente a fim de aplacar seu desespero) / Rua / Cemitério / Casa do professor / Garçoniére (local em que HH e Maria se encontram) / Salão de Baile / Teatro Mágico / As mil portas.

5) Também começamos a fazer um levantamento dos objetos que estão presentes nessa trajetória, alguns no antes, outros no depois do Tratado - e também a repetição desses objetos, mas com significados diferentes: Livros / Navalha / Vinho / Pinheirinho / Malas / Cinzeiros / Revistas / Caixa de aquarela / Vitrola / Discos / Máscaras do baile / Folheto do Tratado / Espelhos.

6) Pedro me falou de uma idéia que Marco André teve de fazer com que HH viva toda a sua trajetória, completamente, em cada ambiente (Estação). Começamos então a vislumbrar possibilidades. Por exemplo, no Quarto, HH começaria mergulhado em livros, deprimido, bebendo vinho, preparando a navalha pra sua morte; depois, lendo o folheto do Tratado, recebendo a visita de Hermínia, levando uma vitrola pra lá, tendo aulas de dança, fazendo amor com Maria, se preparando para o baile de máscaras... E depois? Depois, algum acontecimento faria com que o público se deslocasse para uma próxima Estação e lá HH viveria novamente toda a sua trajetória. Seria como se contássemos a trajetória de cada Estação, a partir da trajetória de HH. A idéia é bem interessante, o problema é que, fora o quarto, em nenhum outro ambiente HH poderia descrever sua trajetória completamente... A desenvolver.

7) Concluímos que algumas Estações podem ser sintetizadas. Ex: o Quarto e a Garçoniére; a Taverna e o Águia Negra; e um Teatro "Morto" (onde HH assiste uma ópera) com o Teatro Mágico.

8) Pensamos em futuros exercícios para os atores. O primeiro, foi o de todos trabalharem cenas como Harry Heller. Seria uma forma de nos apropriarmos do nosso herói e de também já entrar em contato com a questão da multiplicidades de Eu pela qual HH passa quando se depara com as mil portas do Teatro Mágico. A desenvolver.

(Daguerre)

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